sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Hölderlin- Estar unido com tudo o que vive!

Beautiful Tree in Israel, Near the Sea of Galilee

Por vezes nem um excelente artigo científico cruzando dados ou simulando modificações num ecossistema ou pareceres técnicos cinzentos permite encontrar ainda o travão ajustado à destruição e à extinção antropogénica. Acho que a POESIA mais nobre ou textos filosóficos podem trazer uma ajuda essencial. Porque estou convencido de que a compreensão da unidade humana com todas as formas de vida é a chave do segredo de um possível êxito nos esforços de conservação,fica aqui um trecho de Hölderlin (1770-1843), o enorme poeta alemão, em Hipérion ou o eremita da Grécia.

Mas tu brilhas ainda, sol do céu! Tu ainda verdejas, sagrada terra! Os rios ainda vão dar ao mar e as árvores frondosas dão sombra ao meio-dia. O prazenteiro canto da primavera abarca os meus mortais pensamentos. A plenitude do mundo infinitamente vivo nutre e sacia com embrieguez o meu indigente ser.
Feliz natureza! Não sei o que se passa comigo quando elevo os olhos perante a tua beleza, mas nas lágrimas que choro perante ti, a bem amada das bem amadas, está toda a alegria do céu.
Todo o meu ser cala e escuta quando as doces ondas do ar brincam à volta do meu peito. Perdido no imenso azul, levanto frequentemente os olhos ao Éter e inclino-os para o sagrado mar, e é como se um espírito familiar me abrisse os braços, como se se dissolvesse a dor da sociedade na vida da divindade.
Estar unido a tudo, essa é a vida da divindade, esse é o céu do homem.
Estar unido com tudo o que vive, voltar, num feliz esquecimento de si mesmo, ao todo da Natureza, este é o cume dos pensamentos e das alegrias, este é o sagrado cume da montanha, o lugar do repouso eterno onde a melodia perde o seu calor sufocante e o trono a sua voz, e o fervente mar se assemelha aos trigais ondulantes.
Estar unido com tudo o que vive!

(Fala de Hipérion a Belarmino)

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