sábado, 18 de dezembro de 2010

Alimentos saudáveis e solidários também para os mais frágeis

Comissão Europeia recebe cabaz cheio das promessas vazias dos transgénicos

Ontem pelas 10 da manhã, em frente à representação da Comissão Europeia (CE) em Lisboa, a Plataforma Transgénicos Fora e a Quercus distribuíram cabazes solidários para realçar o direito a uma alimentação saudável e entregaram igualmente um simulacro de prenda natalícia à CE composta por inúmeros "alimentos" transgénicos indesejáveis.
Está cientificamente estabelecida a relação entre pobreza e falta de saúde/longevidade,(1) pelo que o direito a escolher e comer o que é mais saudável torna-se particularmente crucial no caso de grupos vulneráveis da sociedade, como as crianças, os idosos e os mais desfavorecidos. A representar cada um destes estratos sociais associaram-se a esta acção pública a Associação Verdes Anos, uma escola de educação livre, a ANAI, Associação Nacional de Apoio ao Idoso, e a CASA - Centro de Apoio ao Sem Abrigo. As três entidades receberam cabazes de alimentos sustentáveis sem transgénicos, num gesto de reconhecimento da importância desta escolha.
A Comissão, por seu lado, recebeu os símbolos do falhanço da engenharia genética alimentar: alimentos que ninguém quer, sem uma rotulagem que permita escolha, com potencial intrínseco para contaminar a restante produção e, desta forma, tornar mais caro tudo o que não seja transgénico (devido aos complexos programas de monitorização e segregação necessários para evitar a poluição genética). No futuro, mantendo-se as tendências e regras actuais, cada vez menos pessoas poderão pagar para comer sem transgénicos. Ainda mais grave, os portugueses não estão sequer na posse de conhecimento que lhes permita fazer uma escolha informada: segundo o Eurobarómetro de 2010 Portugal é o país menos familiarizado com o assunto de todos os Estados Membros, apenas ultrapassado por Malta.(2)
Susana Fonseca, presidente da Quercus e porta voz desta acção, clarifica: "O direito a uma alimentação saudável é tão central ao nosso bem estar que faz parte da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Ao aprovar transgénicos sobre os quais pendem pesadíssimas dúvidas de segurança, a Comissão sabe que põe em risco - de uma forma irresponsável - sobretudo aqueles que não conhecem ou não conseguem proteger-se. Mesmo a minoria da população que abrange os consumidores informados e com poder de compra fica impotente perante a falta de rotulagem. O sistema neste momento protege os interesses económicos que fomentam os transgénicos, em detrimento dos direitos dos consumidores."
Note-se que foram este mês entregues à Comissão Europeia em Bruxelas um milhão de assinaturas por uma moratória à introdução de transgénicos na União. Os europeus procuram alimentos realmente sustentáveis, de produção biológica, compatíveis com a protecção do ambiente e biodiversidade e ainda um elevado nível de saúde pública. Os transgénicos representam um grande e infeliz passo na direcção oposta.

Notas
1. Ver por exemplo artigo em Wolfson
2. Consultar pg. 84 do Eurobarómetro "Europeus e Biotecnologia em 2010 - Ventos de Mudança?" disponível em eurob2010

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