segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A arte de ser livre

Para o físico, cientista e também pensador alemão Albert Einstein, é essencial que o ser humano tenha sua liberdade de pensamento e expressão asseguradas. Precisamos perseguir nossos desejos. Para que isso aconteça, é necessário exercitar uma qualidade preciosa: a tolerância



Albert Einstein criou muito mais do que conceitos da física moderna e a teoria da relatividade. Ele foi também um pensador, que deixou uma vasta obra sobre a condição humana. Uma das pautas favoritas de seu discurso é a defesa e a preservação da liberdade do indivíduo. Einstein de fine a liberdade como “condições sociais tais que a expressão de opiniões e a firmações sobre questões gerais e particulares do conhecimento não envolvam perigos ou graves desvantagens para seu autor”. Segundo ele, essa liberdade de comunicação é indispensável para o desenvolvimento e ampliação do conhecimento de maneira geral. Deve, em primeiro lugar, ser assegurada por lei. Em segundo lugar, para que a lei funcione, é preciso que os homens exercitem entre si a tolerância.

O tema foi abordado com profundidade em um texto escrito em 1940 (Escritos da Maturidade, ed. Nova Fronteira). De acordo com ele, para serem felizes, realizados, “os homens precisam ter também a possibilidade de desenvolver suas capacidades intelectuais e artísticas sem limites restritivos, segundo suas características e aptidões pessoais”. Ou seja, todos nós necessitamos de liberdade interior, liberdade de pensamento. Não devemos ser obrigados a aceitar dogmas religiosos, filosóficos ou políticos, nem ser perseguidos ou marginalizados por expressar nossas ideias. Além disso, reforça Einstein, “ainda que esse ideal de liberdade não possa ser plenamente atingido, deve ser perseguido de forma incansável para que o pensamento científico, filosófico co e criativo em geral avance tanto quanto possível”.

Essa liberdade de espírito, na re flexão do pensador, “consiste na independência de pensamento em relação às restrições provocadas por preconceitos sociais e autoritários, e também em relação às rotinas e aos hábitos de modo geral”. Ele acrescenta, inclusive, que é preciso que todos possam ter seu desenvolvimento espiritual garantido, se assim desejarem. E, para tanto, é preciso tempo disponível. “O homem não deve ser obrigado a trabalhar para suprir as necessidades da vida numa intensidade tal que não lhe reste tempo nem forças para as actividades pessoais.”

Por acreditar nos avanços tecnológicos, Einstein adianta em seu texto que esses avanços tornariam possível tal tipo de liberdade “se o problema de uma divisão justa do trabalho fosse resolvido”. Adaptando para os dias actuais, seria como dizer que, com o passar dos anos, o homem devesse ter sua jornada de trabalho naturalmente reduzida. 

Mesmo considerando a liberdade interior como “um raro dom da natureza e uma valiosa meta para o indivíduo”, o cientista acredita que a sociedade realmente tenha condições de cultivar essa conquista. “As escolas, por exemplo, podem favorecer essa liberdade, incentivando o pensamento independente. Só quando a liberdade externa e a interna são constantes e perseguidas com consciência, há possibilidade de desenvolvimento e aperfeiçoamento espiritual; portanto, de aprimorar a vida do homem”, escreveu.

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